terça-feira, 28 de julho de 2015

Sartre, a grafologia, a psicanálise e a filosofia.


      No documento acima, reproduziram-se algumas letras de Sartre e a sua rubrica.
      Na sequência da reprodução indica-se o significado simbólico das letras reproduzidas.

     
           Da grafologia  

       Abstemo-nos de uma análise grafológica global da escrita de Sartre.
     Mas impressioná-mo-nos com alguns caracteres da sua escrita. Numa interpretação na linha                das  descobertas  de Roseline Crepy, em que na análise se fundem os conhecimentos                            simbólicos e  psicanalíticos, observámos que:

         O a, letra do coração e afectos, é executada de forma bastante "primitiva". O escritor não tem          interiorizados os afectos nem  a sua expressão harmoniosa. A oval  é desajeitada e a perna                    de ligação é descontinua. O mundo dos afectos não flui. Esse universo ficou paralisado no                    passado.

         O d, representando a direcção espiritual  da vida, encontra-mo-lo no mesmo estado:                          desagregado, fragmentado, sem continuidade.
      Se no mundo dos afectos poderemos supor que o estado dos mesmos não faz grande diferença            para um filosofo,o mesmo não poderemos dizer da direcção espiritual da vida. Aí expressa-se              o intelecto do homem. O d de Sartre não é o d  de um intelectual, de um pensador. é um d de                um escrevente  com uma espiritualidade reduzida.
     Roseline Crepy diz, relativamente a este formato de d, que "este evoca sem dúvida uma mágoa            nostálgica da infância. Ele exprime possivelmente uma falta de direcção na educação, um                    clima familiar flutuante que não permitiu à criança estruturar suficientemente a sua orientação            psíquica".

         O E, letra da estabilidade e susceptibilidade, revela que a Sartre não se podia fazer critica... era        extremamente susceptível.

         O P, representando o pai, mostra-nos um pai interiorizado de forma insuficiente, diminuída,             que se procura escorar com uma travessa junto à terra, na esperança de que não caia. O pai de             Sartre morreu quando este tinha 15 meses.

         O 1, o homem de pé, mostra-nos um escritor desamparado e ligeiramente dependente.
       
         O b tem uma forma estranha e difícil de classificar. As ligações ao mundo da oralidade                     doentia talvez possam trazer luz ao cigarro a ser permanentemente sugado pelos lábios.


        Da psicanálise

       Na senda das descobertas de Freud e dos seus discípulos, sabemos como a relação da mãe com          o bebe é absolutamente decisiva no equilíbrio e segurança do futuro ser humano.
     A mãe é o porto seguro de abrigo para qualquer tempestade. Esse abrigo é construído numa                maternidade feliz: A mãe está sempre disponível para o recém nascido e este sabe que pode                contar sempre com o regaço materno para a sua protecção e amparo.
         O homem constrói-se, por isso, numa feliz relação de dependência. A sua individualidade                única surge na certeza de ser amado. Para se ser amado é necessária uma relação.

         Da vida e obra de Sartre

         O seu pai faleceu quando tinha 15 meses.
         Fumava de uma forma que poderemos considerar obsessiva: As questões da oralidade                       encontravam-se por resolver.
        Muitos manuscritos são-no em papel quadriculado: A prisão onde se sentia enclausurado.
        Alguns títulos das suas obras literárias: Náusea, Moscas, As mãos sujas, Orfeu negro, Mortos           sem  sepultura, O muro, O ser e o nada. Estes títulos transportam-nos para um universo                       deprimido e   sem esperança.
        Apoiou publicamente vários regimes políticos totalitários, onde foram cometidos crimes                     monstruosos de eliminação de milhões de seres humanos sem qualquer julgamento.    
        Duas das ideias de força do seu pensamento são: a liberdade é uma escravatura imposta ao                  homem e a afirmação da individualidade.

        Da síntese

        Parece-nos ser claro o fio condutor dos três aspectos acima referidos: Sartre e a sua filosofia
      são uma resultante da sua vida. Uma vida sofrida, mas sem luz. A sua existência desamparada             de amor levou-o a imaginar o universo como um lugar seco e áspero. A liberdade e                               individualidade são os cumes limitados aos quais se conseguiu guindar. Precisaria de olhar                   mais o cosmos, alargar o campo de consciência, para descobrir realidades bem mais distantes e           também bem próximas.
         Na psicologia dinâmica, todas as descobertas afirmam a relação de dependência essencial do            recém nascido com a mãe. Dependência. Nessa dependência segura se cria a segurança e a                  liberdade  essencial. Nenhuma escravatura.
         
         A rubrica ou assinatura de um escritor, é sempre um resumo, uma síntese de uma vida.
      Na de Sartre, acima reproduzida, há alguns indicadores positivos. Contudo, as insuficiências               da sua biografia estão expressas na necessidade de se sublinhar, traço por debaixo da rubrica,               que é um movimento regressivo, dirigido ao passado, para logo de seguida o mesmo traço                   inverter a marcha, dirigindo-de para a direita, o futuro, todavia passando por cima do seu                     nome, riscando-o o que significa que nesse movimento se anula.

           Das ideias Sartrianas, o pensamento que me surge é o de que são aproximações a evitar.
         

Sem comentários:

Enviar um comentário